A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano que possui características próprias, merecendo um olhar atento à sua singularidade, sobretudo por ser um período repleto de mudanças biológicas e psíquicas.
Além das alterações biológicas e hormonais (puberdade), na adolescência ocorre uma grande transformação psicológica haja vista a necessidade de abandonar a infância, o paraíso infantil caracterizado sobretudo pela dependência, e se iniciar nas responsabilidades da vida adulta.
Portanto, o adolescente – que não é mais criança, mas ainda não é adulto – experimenta, muitas vezes dolorosamente, um caos psicológico inerente ao impulso do amadurecimento.
Sabemos que os adolescentes por vezes se expressam de forma extrema, com comportamentos “estranhos” e arriscados, causando inúmeras preocupações aos responsáveis e à sociedade em geral. Tal comportamento, por vezes, é considerado patológico, ou ainda é considerado como uma mera “fase complicada”, que é preciso deixar passar...
Ocorre que muitas vezes um apoio psicológico se faz necessário!
Na abordagem da psicologia analítica, a psicoterapia com adolescentes dá ênfase às manifestações intrínsecas dessa fase, sem reduzi-la às dinâmicas da infância; bem como leva em conta seu telos (qual o objetivo da adolescência?), visando ajudar os adolescentes em tratamento a descobrir o potencial de transformação inerente às crises vivenciadas nessa etapa da vida.
Acerca desse telos e das mudanças inerentes à fase adolescente, Richard Frankel nos remete ao seguinte questionamento:
“Com clientes adolescentes com histórico de trauma, nossa atenção naturalmente se dirige ao passado, pois a história da infância anuncia sua relevância no curso do tratamento. Mas e quanto aos adolescentes que vivenciam as transformações da puberdade de forma tempestuosa e tumultuada após uma infância sem maiores dramas? Olhar para o passado será a única posição de onde abordar o estado atual de sofrimento?”